6 de setembro de 2010

retalho antigo

...Carregando Saramago, folhas ressecadas, carregando um gosto morno ainda de café. Entre paredes, café, numa mudez engraçada. Se as pessoas que a viam, sentada, feito um pacote inerte, se as pessoas sentissem o mesmo cheiro de chuva que chega. Talvez fosse leve.
Sentou-se numa praça vazia, gostaria de dividir um trago, gostaria de ler uma carta decente que lhe tirasse qualquer bolor. Talvez uma sacanagem e palavrões ditos aos berros. Sempre gostou de palavrões, acha que dependendo do tom, os palavrões podem ser muito deleitosos. Dizer boceta em sussurros numa praça velha e amarela....se alguém a lesse como queria. Hoje estaria leve e de saia quem sabe.
Cachorro magro passeando torto pela rua, esse vazio de tardes às segundas é meio trêmulo. Porque ficava tão densa em momentos patéticos...se sentia traída. Era como se traísse nessa fuga de evaporar os males sozinha em minúsculos rituais bem bordados, solitários e em lugares assim, insólitos.
Seguiu pra casa em soluços, segurava entre os dentes uma folha miúda de hortelã, refrescaria sua vida mergulhada entre lambidas e vodka gelada. Barata, porque vivia barato, embaralhada sem sentidos, meio confusa e querendo aguda. Por agora, sozinha mesmo.

texto velho.

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